segunda-feira, 28 de maio de 2012

Adeus Noite

A chuva miúda cai em Lisboa à noite, na rua Garret. Estou sentado contigo em silêncio, na esplanada da pastelaria Bernard. Alguns turistas e lisboetas palminham tardiamente a rua passando por nós. Sinto frio, e vejo que tu também, aconchegas-te nas tuas roupas. Fumas o cigarro que te acompanha o café. Ecoam os primeiros acordes melancólicos de um guitarrista de rua, que se aproximou. Olho para um qualquer lado em busca de nada, tal como tu. Devolvo, por vezes, a minha atenção por alguns instantes para os transeutes ou para o músico. Este estado de quase meditação em que nos encontramos alonga-se por algum tempo. Cruzo o meu olhar com o teu, e torna-se cúmplice. Sabemos que é o momento. Metes a mão na carteira e tiras umas moedas que colocas na mesa, agarras nas tuas coisas e partes em direcção ao metro, com a maior das naturalidades. A sonoridade do músico capta a minha atenção, interrompido apenas pelo garçon que recolhe o que é dele. Assinto o seu gesto e levanto-me, palmilho o bolso em busca de trocos. Brindo o guitarrista com umas moedas, de sorriso rasgado ele agradece. Sigo o meu caminho em direcção ao Chiado com a mente calma.

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