quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A noite corrida!

Nada se ouve, apenas o vento forte faz assobiar e dançar as ervas do chão. À medida que o frio me rosa a cara, a cadência do meu passo, faz pulsar o ritmo do meu coração, acompanhado de uma respiração ofegante. O bater do pé no trilho a percorrer, fazendo espalhar pequenos fragmentos de terra e areia num som esmagante. A lua que me sorri numa fase balsâmica, deixa que as estrelas preencham um negro céu, fazendo a pequenas luzes brilhantes da cidade, jorrar a sua artificialidade. O poder da sinfonia do silêncio, que me acompanhava um pensamento ausente. Um pensamento distraído pelo cansaço, pelo rasgar do pulmão à medida que o ar entra. A luz parca que nem o rosto da minha mão gretada deixa ver, ilumina um trilho traçado. Um trilho que percorro, com a velocidade, com a cadência e força que quero. Sigo nele, escolhendo entre os vários cruzamentos, novos caminhos. Criando novos obstáculos ao meu rumo. Paro, ofegante, sinto o suor a escorrer na cara. É a podridão que sai de mim. Inspiro fundo e sigo em frente.

sábado, 3 de novembro de 2012

Dentro de mim.

O burburinho do silêncio desinteressado ecoa na sala. Os olhos fixam-se no painel mostrando uma atenção falsa. O som grave entusiasmado que ele projecta na voz arrefece a atenção dos mais esforçados. Alguns suspiros dançam no espaço. Observo-os a todos, num falso tom ligado a esta emissão em directo. A minha imaginação é levada para um outro sitio. Um sonho risonho de um futuro desejado, de saltimbanco profissional nesta aldeia globalizada. Outros desejos mais sórdidos e inocentes aparecem como flashes e mudanças de tema e histórias. Ajuda-me a pssar o tempo, porque o tema enerva e logo agora, agora que as frase soltas rebentam-me os ouvidos, que chateiam, recordando o geral desinteresse..

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

E depois acordamos

A noite acorda em alvoroço com um estrondo longinquo. Levanto-me assustado, o coração palpita, abro a janela apressado, o ar queimado custa a inalar. Vejo o clarão quente no céu e fecho os olhos que me ardem. Vou para o meio da rua, onde o silêncio impera, contrariado o palpitar do meu peito. Corro numa estrada, onde à volta é apenas campo. Corro sem parar. As pernas movem-se contra o meu desejo. O suor escorre. A respiração ofegante sincrona com o bater do coração, não consigo olhar em frente, o clarão ao fundo encadeia. Os musculos começam a ceder, mas as pernas não páram. A dor fulminante no peito, enquanto atravesso o asfalto quente, faz-me deseperar. O céu cada vez mais laranja, será o amanhecer ou algo pior, uma chama incessante para a qual me dirijo? Ao fundo vejo uma ponte em destroços, acelero com o pulsar maior nas minhas veias. Estás tu com o teu vestido branco e o cabelo vai esvoaçando. Não te importas com os destroços ou o fogo, a tua calma contraria o mundo. Estou prestes a chegar a ti, mas tu deixas-te cair. O sufoco, mata a minha voz. Caio de joelhos no chão e olho para onde estavas. Um trovão cai e atravessa-me as costas como uma espada. Mas não sinto dor. Inclino a cabeça para o céu de onde vão caindo as primeiras gotas, que me escorrem na cara como lágrimas silênciadas. Fecho os olhos, abro. A luz dos estores bate-me na cara, estou suado. Olho para o lado e oiço o teu riso e delicio-me com os teus olhos ensonados. Mas não estás lá. A almofada está vazia, apenas guarda o teu perfume. Levanto-me, vou para a janela olhar pela manhã. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Adeus Noite

A chuva miúda cai em Lisboa à noite, na rua Garret. Estou sentado contigo em silêncio, na esplanada da pastelaria Bernard. Alguns turistas e lisboetas palminham tardiamente a rua passando por nós. Sinto frio, e vejo que tu também, aconchegas-te nas tuas roupas. Fumas o cigarro que te acompanha o café. Ecoam os primeiros acordes melancólicos de um guitarrista de rua, que se aproximou. Olho para um qualquer lado em busca de nada, tal como tu. Devolvo, por vezes, a minha atenção por alguns instantes para os transeutes ou para o músico. Este estado de quase meditação em que nos encontramos alonga-se por algum tempo. Cruzo o meu olhar com o teu, e torna-se cúmplice. Sabemos que é o momento. Metes a mão na carteira e tiras umas moedas que colocas na mesa, agarras nas tuas coisas e partes em direcção ao metro, com a maior das naturalidades. A sonoridade do músico capta a minha atenção, interrompido apenas pelo garçon que recolhe o que é dele. Assinto o seu gesto e levanto-me, palmilho o bolso em busca de trocos. Brindo o guitarrista com umas moedas, de sorriso rasgado ele agradece. Sigo o meu caminho em direcção ao Chiado com a mente calma.